quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Partida, uma parte da ida.



A verdade é que ele não queria partir, mas fez com que todos achassem isso uma mentira. Seria mais doloroso ver todos que ama sofrerem por sua partida inesperada e azeda. Não estava preparado. Essa era outra verdade.

O som daquelas pegadas poderia ser comparado com um badalar dos sinos. Era um som forte, único e representava o final ou o início de alguma coisa, uma vida talvez, ou duas ... Sua jaqueta de couro e seu jeans não desempenhavam a função que lhes foram encarrecagos: aquece-lo. Estava ali, repleto de calafrios. E não se calou.

Ele não pensava em nada, mas já era muito. Por um momento pensou em correr, mas rapidamente  percebeu que não era uma solução, e sim mais um problema. Se afastaria mais rápido do que não queria perder de vista por uma fração de segundo. Voltou a pensar no que estava pensando: em nada. Apenas continuou caminhando, se afastando. Era a pior tortura já vista.

A sua maior guerra paralela aquilo era contra as lágrimas. Gotas salgadas que variam de gosto, amargas ou doces geralmente. Relutava para não deixar escorrer uma sequer, ele sabia que seria inevitável uma covardia. É muito raro as lágrimas virem solitárias. Ele não queria transparecer aquilo. E chorou para dentro, de corpo e alma.

Era a hora do Adeus. O seu trem chegara.

3 comentários:

  1. Me arrancou lágrimas e suspiros.

    Lindo, Ruanzito.

    Bjs

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  2. cada dia melhor, hein Ru?!
    fico muito feliz com isso, e admirada com sua sensibilidade (que eu sempre soube da existencia).

    beijo no coração.

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  3. esse relato me lembrou de uma história muito verídica que estou vivendo (vivendo?). sim, teu blog é muito tocante. demais.

    http://terza-rima.blogspot.com/

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